16/03/2008

Agora que ninguém nos ouve...

Porque é Domingo, o dia está cinzento, o espírito vagueia e a pedido de muitas famílias, parece-me que está na altura de servir um chocolate mais quente: o tema é relações e o que quero saber para já é o que cada um está disposto a fazer por elas e o que recebem em troca.

Nenhuma relação é perfeita e há muito sacrifício envolvido mas a verdade é que, a maior parte de nós pelo menos, não passa muito tempo sem uma, sem o doce sabor do amor, da entrega, da paixão, sem o complemento confortável de uma cara metade. Pode ser uma coisa light, pode ser uma paixão intensa, pode ser um namoro longo, pode ser uma coisa física, pode ser um sonho impossível. Há para todos os gostos, formas e feitios e o melhor mesmo é não dizer desta água não beberei porque o mais certo é darmos por nós num filme do bom tempo.

Dar algo de nós e receber algo da outra pessoa é o que está em causa e tal acontece em vários graus de equilíbrio entre os dois. Importa é saber até que ponto vale a pena investir num envolvimento amoroso, qual o grau de entrega e compromisso, o que se está disposto a investir e/ou sacrificar em prol de um retorno que pode ou não ser suficiente.

Por mim falo quando digo que, apesar de tudo, sou um romântico incurável com tudo de bom e mau que isso acarreta. Quando apaixonado, atiro-me de cabeça sem pensar no que vai acontecer, ainda que possa racionalmente saber que existe uma séria possibilidade de tudo correr mal. Espero que um destes dias isto não me transforme num cínico à custa de mais um mergulho de chapa mas não consigo ver ou fazer as coisas de outra maneira. Também não me acontece perder o controlo desta maneira dia sim, dia sim e, just for the sake of argument, até acrescento que só me aconteceu duas vezes. Uma que correu terrivelmente mal há uns anos deixando marcas, agora saradas, e promovendo mudanças que duram até hoje e uma mais recente em que aposto muita da minha felicidade sem nenhuma garantia do que poderá acontecer.

A questão é será que é possível continuar a ser assim ou chega um dia em que, como tantas e tantas vezes tenho visto, nos acomodamos a algo menor e menos intenso para evitar a dor, pelo hábito ou pelo medo de acabarmos sozinhos? O que estão os nossos dilectos leitores neste momento a pensar sobre as suas próprias vidas? Estão felizes? Estão empenhados? Sentem retorno? Há queixas? Há esperança? Há, e isto é o que no fundo faz toda a diferença, amor?

Está na altura de, beberricando um chocolate quente, sentar no proverbial sofá e abrir a alma (nem que seja anonimamente ou contando "a história de um amigo") no consultório After Eight.

10 comentários:

Cadbury disse...

Agora que ninguém nos ouve posso começar por dizer que este não é um assunto fácil de ser definido. Isto acontece porque não existem regras e padrões por onde possamos seguir. Cada caso é um caso e o que dita o seguimento da história é o sentimento que temos pela outra pessoa. Estou disposta a dar muito (e quem me conhece sabe que sempre o fiz) se o sentimento que tiver for forte. Por vezes é interessante constatar que, numa fase inicial, pouco peço em troca já que dizem que o segredo reside em dar sem esperar nada, diminuindo assim as expectativas geradas - tem um fundo de verdade mas sejamos sinceros, de pouca dura. Ao passarmos para a fase seguinte constatamos com um novo desafio - o equilíbrio. Este, juntamente com o sentimento, dita as regras do jogo. Diálogo, amizade (muita amizade e mais amizade), amor, com muita química (lá está... a química :) ) constituem a receita milagrosa. Quando encontramos alguém (algo raro e por isso precioso) que nos faça rir, com quem sentimos confiança, um enorme carinho e uma enorme vontade de saltar para cima :), acho que não devemos desistir.

Catarse disse...

100% de acordo, Cad!

Confiança, Riso, Carinho, Amizade e uma Paixão que não escolhe altura ou lugar são uma combinação tão rara que valem a pena qualquer sacrifício porque o retorno é imenso!

Passada a fase cor de rosa, vem uma mais complicada, sim, que serve de peneira para separar o que pode ser apenas uma coisa engraçada do verdadeiro amor.

E é tããããããããããããããããããão bom estar apaixonado e ter aquela certeza inexplicável de que é a pessoa certa!!!

Catarse disse...

e esta cabeça nas nuvens só pode ser a explicação para o pontapé que mandei na gramática com aquele valem em vez de vale... ;)))

Anónimo disse...

Hummmm.... o que vejo aqui?

Cadbury, descontente com alguma coisa?
À procura do mr. right? In love ou in doubt?

Catarse, algo a assumir? Essa cabeça no ar por onde vagueia?

Sinto empenho por parte dos dois em procurar alguma coisa ou em lutar por algo que parece promissor... mas sinto problemas.

Vamos, falem, desabafem! The love doctor is listening!

Catarse disse...

Bom, para colaborar com o proposto e abrindo um pouco mais o jogo:

No doubt that in love! Problemas há, é certo, ainda que nem tudo seja o que parece e às vezes mais parece um molho de bróculos mas...

Face a dificuldades não gosto de desistir à primeira nem aceitar algo como impossível mas é também bom saber quando desistir e partir para outra. Como é que vou saber isso? Para mim conta, mais do que outra coisa qualquer, sentir-me bem, feliz, apaixonado e sentir reciprocidade. Enquanto for assim...

(ainda que haja, assumo, vontade de algo mais sólido...)

Anónimo disse...

Mais algum palpite? Mais algum ouvinte desejoso de partilhar as suas experiências, aventuras e desventuras amorosas? Vamos, não sejam tímidos! ;)))

SS disse...

Para me juntar aos dois que andam com a cabeçita nas nuvens!!! Ora cá vem a terceira!!!! :)
É tão...mas tão bom estar apaixonado!!! O quereres estar sempre com a outra pessoa, a cumplicidade, a amizade, o arrepio. Tudo isso é mágico!!!
É preciso querer-se e nisso estou de acordo com o Catarse quando diz que não se pode desistir á primeira!
Ainda que seja para viver, umas horas, uns dias, uns meses, uns anos, o que importa mesmo é viver e chegar a sentir!!! :)

By myself disse...

Falando na 1ª pessoa, confirmo que se vive muitas vezes em prol do outro, poupando-o à dor que por vezes não merece.
Haja força e coragem para "dar a volta", para evitar que a inércia acabe magoando ambos.

Seguir um novo caminho, mostra-nos cenários novos, mais serenos ou mais agrestes...mas novos!

Quantas surpresas podemos ter ao conhecermo-nos a nós mesmos..

Cadbury disse...

Sim, sem dúvida e se eu for a ver bem, nas alturas em que as coisas se complicavam mais foram as que me fizeram pensar e crescer mais enquanto pessoa. Benditas alturas… elas fizeram-me ser a pessoa que sou.

Anónimo disse...

Sim, concordo, Cad e By Myself. As alturas em que sofremos com o romper de uma ligação, pricipalmente daquelas que tinham (quase) tudo para dar certo, são as melhores alturas para nos reinventarmos, para conhecermos mais pessoas, para nos voltarmos a aventurar no experimentalismo de sensações e oportunidades.

Mas, para dar a volta ao texto com uma abordagem mais positiva, também concordo SS: É o facto de ser tão bom, tão essencial ao bem estar e à felicidade que nos faz continuar a tentar, continuar à procura, continuar a investir numa relação. Porque a miss (ou mr) right anda por aí... é preciso é sorte, timming e preserverança para acreditar e a (o) encontrar e conquistar. Quando é completo e forte, vale qualquer sacríficio ou espera...

Quando não é assim tão bom é preciso ter essa noção, e aí reside o busílis da questão, para sair dessa e começar outra busca.

É preciso, também, ver que não há sonhos perfeitos sem problemas e qualquer relação tem de ser temperada pelos tempos difíceis e pela força de ultrapassar adversidades. Assim se constrói algo para durar...